terça-feira, 8 de março de 2022

DESARMANDO A BOMBA N1º - ANÁLISE DA REPRESENTAÇÃO MIDIÁTICA ORIENTAL.

 Uma análise do projeto de vida de Arima Kousei, o protagonista da Obra Japonesa Shigatsu wa Kimi no Uso (Your lie in april). Partindo de alguns conceitos da Fenomenologia e da Filosofia pretendemos fazer um recorte da obra ao botarmos em discussão a vida do protagonista e sua trajetória.

https://anchor.fm/desarmando-a-bomba/episodes/DESARMANDO-A-BOMBA-N1---ANLISE-DA-REPRESENTAO-MIDITICA-ORIENTAL-e1f8tq5

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Porque a Lua é branca e nós somos negros



Desde pequeno escuto frases como "no escuro todos os gatos são pardos" ou "a noite todos os pássaros são pretos". E recentemente eu ouvi um poema na forma de canção "Whitey's on the moon" do Gil Scott-Heron
https://www.youtube.com/watch?v=goh2x_G0ct4

A rat done bit my sister Nell.
(with Whitey on the moon)
Her face and arms began to swell.
(and Whitey's on the moon)
I can't pay no doctor bill.
(but Whitey's on the moon)
Ten years from now I'll be payin' still.
(while Whitey's on the moon)
The man jus' upped my rent las' night.
('cause Whitey's on the moon)
No hot water, no toilets, no lights.
(but Whitey's on the moon)
I wonder why he's uppi' me?
('cause Whitey's on the moon?)
I was already payin' 'im fifty a week.
(with Whitey on the moon)
Taxes takin' my whole damn check,
Junkies makin' me a nervous wreck,
The price of food is goin' up,
An' as if all that shit wasn't enough
A rat done bit my sister Nell.
(with Whitey on the moon)
Her face an' arm began to swell.
(but Whitey's on the moon)
Was all that money I made las' year
(for Whitey on the moon?)
How come there ain't no money here?
(Hm! Whitey's on the moon)
Y'know I jus' 'bout had my fill
(of Whitey on the moon)
I think I'll sen' these doctor bills,
Airmail special
(to Whitey on the moon)

Gil Scott-Heron





Deixando de lado toda influencia do jazz, a musicalidade do estilo blues, beats instrumentais de pegada maravilhosa do Afrofuturismo e nos concentrarmos na letra singular dessa música podemos retirar várias reflexões. Música consiste do autor falar sobre problemas enfrentados por negros em 1970 como o aumento dos impostos, aumento do preço da comida, as dividias médicas exorbitantes durarão uma década pra ser pagas e como todo o dinheiro suado do trabalhador negro é esvaído dele com tamanha facilidade em contraposição ao sucesso do programa aeroespacial norte-americano. O autor critica diretamente  as prioridades do Governo ao gastar milhões para atender demandas especificas de uma parcela privilegiada da sociedade ao mesmo tempo que distraí as massas com esse sentimento ufanista, nada mais americanizado. A música fala em como se ludibria a população para que ela não pense nos problemas e tensões internass do país. Podemos pensar aqui diretamente nas questões de saúde, em como a saúde coletiva é vista nos EUA na década 70 e seus vestígios até momento atual. Em um belo exemplo foucaultiano esta situação onde vemos a manifestação do Biopoder "Fazer Viver, Deixar Morrer" e o como seus mecanismo funcionam e as quais interesses ele atende. Uma parcela considerável da população americana sofre com ausência de um serviço publico de saúde e este problema é  uma mina de ouro para empresas de seguro e plano de saúde; a indústria Farmacêutica; para os hospitais privados; para uma parcela da classe médica elitista. Mas a pergunta que fica é a pra quem não é interessante as coisas ficarem do jeito que está, quem sai prejudicado dessa história ? quem paga o preço desse cartel? Sim o trabalhador, especificamente os trabalhador preto, pobre, marginalizado, de baixa escolaridade. 

Mas você se deve pensar, Meu Leitor. Se você me conhece e deve pensar e dai ? Problema de americano, o que tem haver com a gente ? Sabe que sou do tipo que citaria racionais "Nòs aqui, vocês lá, cada um no seu lugar..."

Mas nos anos 70 o Brasil vivia numa ditadura militar a única maneira de se obter um serviço médico publico era ter cadastro no INPS/INAMPS e por agora nem comentaremos como esse órgão foi um poço de corrupção, escândalos e exemplo de má gestão em saúde pública dando as bases e fortalecendo para a criação dos consórcios de planos de saúde no Brasil. (sim, um serviço público que construiu o privado, legalmente e ilegalmente) Para se filiar a este órgão do governo era necessário seguir uma série de critérios que pra resumir a história, uma parcela numerosa da população não tinha acesso aos serviços públicos de saúde. E quem era essa parcela sim os pobres, negros e periféricos  que eram obrigados a depender de filantropia médico-hospitalar. O poema é americano mas se encaixa perfeitamente no contexto brasileiro antes da Revolução que foi o SUS. O meu povo sofre em qualquer lugar do mundo. E toda vez que vejo notícias das tentativas dos desmontes do SUS, eu vejo nitidamente de como o Governo, a elite, o sistema tenta nos negar o direito a vida. Como o Bertold Brecht escreveu "Há muitas maneiras de matar uma pessoa. Cravando um punhal, tirando o pão, não tratando sua doença, condenando à miséria, fazendo trabalhar até arrebentar, impelindo ao suicídio, enviando para a guerra etc. Só a primeira é proibida por nosso Estado" Mas o que acontece de verdade é que o próprio Estado se utiliza de todos os meios listados e outros pra matar indivíduos ou populações, o que denominamos de Necropolitica "Fazer Morrer, Deixar Viver". A Necropolitica são politicas, os mecanismos, os acordos, os negócios, os esquemas que decidem que deve morrer em nome de interesses e demandas privadas e especificas de Empresários e Políticos Brancos que condenam o povo preto a fome, a miséria, a doença, a ignorância, a exaustão, alienação intelectual e por ultimo a morte seja pela ausência do serviço médico; seja pela ação de um agente do próprio Estado; seja pela miséria que nos negou comida e moradia; seja pelo falta educação que nos levou a situações empregatícias humilhantes onde o suicídio era única a saída; seja pelo desemprego que nos forçou a entrar para criminalidade como garantia do nosso ganha pão seja pelos os últimos outros muitos motivos onde o Estado age afim de extinguir todas formas de vivencia do povo Preto e destruir qualquer conquista alcançada aos longos de muito anos de luta.



Um exemplo recente se faz necessário em meio a pandemia mundial de COVID-19, que gerou quadros extensivos de quarentena. O excelentíssimo prefeito liberou abertura de cinemas, teatros e clubes mas não liberou rodas de samba e eventos em quadras de Escolas de Samba mostrando a clara Necropolitica da Prefeitura que visava atender a população elitista que tem condições de ir ao cinema, teatros e clubes e aos grandes empresários por trás desses empreendimentos do mesmo modo que proíbe que as mais tradicionais demonstrações de cultura e arte do povo negro e pobre. Foi necessário muito protesto da comunidade artistas para fazer o prefeito retroceder sua posição e abri para as rodas de samba. Essa atitudes elencam assim as prioridades dos dirigentes dos nossos governos, sempre o capital e nunca o povo. Eles querem destruir toda forma de vivencia Negra e Periférica seja na arte, na musica, nos saberes,  na cultura e no humano. Por fim posso discordar então da minha primeira frase mesmo no escuro tanto atirador, a bala, e quem mandou atirar sabem muito bem diferenciar os corpos que não querem e os que querem acertar, afinal nem todos gatos são pardos. 





sexta-feira, 17 de julho de 2020

Lista de cem pessoas negras que merecem ser vistas na Internet.


Aqui é uma postagem bem especial. São 100 negros criadores de conteúdo que merecem ser acompanhados nas Redes Sociais. 
Em seguida vem o link da postagem.
Segue o link Instagram dá criadora da Postagem 












terça-feira, 16 de junho de 2020

Alphaville e Alphavella


Devemos nos atentar nas situações de racismo nos diversos setores da sociedade.  Essa charge se refere a vídeos recentemente publicados na internet de abordagens policiais diametralmente opostas. No videos a qual vemos duas cenas a qual refletiremos nesse texto. Uma cena vemos uma dupla de policiais brancos batendo em homem Negro dentro da casa da irmã dele na periferia da cidade. Vemos o estado visivelmente alterado de uns dos policiais que tenta bater em diversos moradores da casa, visivelmente assustados com tanta brutalidade. Eles protestam com palavras e argumentação e são respondidos com agressões físicas, ameaças de prisão e ferimentos a bala. O policial se mostra implacável abusando de seu poder não só como membro das forças de segurança do Estado mas também como homem Branco que fere negros e mulheres periféricos.



Na outra cena vemos um homem Branco proferindo todos os tipos de insulto a um policial negro que aparece apenas assistir sem muita reação aos ataques morais. Esse homem Branco esbraveja numa atitude racista contra um agente da lei que está agindo pacificamente pelo vídeo. As inúmeras ameaças e xingamentos estão acompanhadas de ligação no que aparenta ser para um advogado na tentativa de livrar o homem Branco da prisão e causar algum tipo de dano institucional ao policial. Vemos aqui um Estado Fascista, vemos. Mas vemos que também aqui algo mais, uma sociedade racista que legitima a se tratar o Negro alheio da forma que quiser independe de seu status, o negro é sempre visto como inferior e é vítima de todo tipo de abuso por parte dos brancos e situação só se agrava se sua condição socioeconômica for precária que de insultos e violações morais passam a ser agressões físicas e uso de força desproporcionalmente letal. Podemos ver que o contexto da charge não se refere a situação específica dos vídeos mas  os extrapola em conteúdo ao representar de forma artística uma situação estrutural da sociedade que vivemos. Charge é literalmente um espelho da realidade vivida pelos brasileiros. Onde a polícia militarizada de forma que trata todo e qualquer preto não como cidadão ou sequer um ser humano mas como inimigo desprovido de humanidade, indigno de empatia, um alvo a ser abatido, de mesmo modo que esse mesmo comportamento é incapaz de acontecer nas regiões nobres da sociedade. A polícia parece unicamente ter a função de proteger os brancos.


Por Lucas Greenhalgh, estudante de Farmácia pela UFRJ, e Hugo Vaz, estudante de Psicologia pela UFRJ

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Bilhete aos Bolsomionios pela Covid

Em nome de minha avó que sua alma esteja do lado de Deus como a senhora tanto desejava.




A todos que elegeram Bolsonaro lhes desejo um grandíssimo vai tomar no meio do olho dos vossos cus. Eu tô com muita raiva, que por causa de vocês, eu perdi minha AVÓ, uma das duas pessoas que mais amava no mundo. O Merda do seu presidente, associados e eleitores negligenciaram a pandemia e a regras da quarentena, sem qualquer cuidado e por consequência ocasionaram o falecimento de minha querida avó por COVID, que tanto se esforçava pra seguir risca todas as determinações higiene e assim evitar a contaminação. É muito fácil ignorar as centenas de mortes por dia, enquanto vocês bolsominios continuam a vidinha de vocês, é banal quando o rosto e o nome das pessoas que aparecem no obituário e nas estáticas são só dá periferia. Já era todo uma situação muito difícil pra mim ver amigos e conhecidos (seus familiares e amigos também) menos favorecidos perderem suas vidas perante a pandemia mas só ao perder minha avó, que cumpria as revindicações de saúde da quarentena, pois algum egoísta mal-caráter não teve a capacidade de cumprir sua mínima função social é de fuder e fez eu me revoltar profundamente.  Minha amada avó me criou desde de bebê e me deu todo suporte e amor que uma criança poderia desejar. Ela me amava incondicionalmente e eu a ela. Vovó e eu parecíamos duas crianças passando os dias brincando e implicado um com outro, mesmo eu com 22 anos já. Metade de mim morreu com ela e a outra metade está quebrada sofrendo sua perda. A ausência dela gerou um grande vazio de sofrimento onde nada na vida tem mais cor ou alegria, só um profundo ódio dessa gente bolsonazista. Então eu repito vocês fãs de Bolsonaro vão tomar cu, cambada de arrombado.

quinta-feira, 30 de abril de 2020

“Bolsonaro Riding Covid19 Down” e o Macarthismo Bolsonarista


Acordei com a capa do Le Monde Diplomatique da edição 154, de Maio de 2020, na minha timeline no Facebook. A ilustração de Vitor Flynn capta de forma cirúrgica a estruturação da necropolitica do Presidente brasileiro e o contexto ideológico reacionário que o sustenta.
A ilustração é baseada na emblemática cena do filme Dr. Fantástico (Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb), de 1964, clássico dirigido pelo genial Stanley Kubrick. Essa comédia, listada como uma das mais engraçadas do cinema estadunidense, satiriza a Guerra Fria entre os EUA e a União Soviética, o período de instabilidade política entre as duas nações iniciadas após a doutrina Truman em 1947 e que só foi terminar com a dissolução da União Soviética em 1991. No filme são mostradas as diversas “neuroses” que o senso comum da população americana criava em relação à União Soviética, como envenenamento das estações de distribuição de água no intuito de profanar/intoxicar o corpo sagrado americano, e a criação de uma “doomsday machine” capaz de destruir o mundo ao apertar de um botão.
Major T.J. “King” Kong montando uma bomba nuclear no filme Dr. Fantástico, de Kubrick, 1964

Entre diversas caricaturas de símbolos americanos, a cena do personagem Major T. J. “King” Kong (sim, o nome subverte a representação da selvageria antiamericana do símio das terras tropicais selvagens em troca de uma imagem de imponência da brutalidade, violência, exaltação gratuita de símbolos ditos da masculinidade americana, ou seja, uma selvageria inaceitável pela aceitável) montando uma bomba atômica em direção a uma base soviética, enquanto movimenta o chapéu como um cowboy. Vale trazer aqui a representação do cowboy como o herói estadunidense, desbravador das terras do oeste, justiceiro moral, matador de “selvagens”, aqui avançando em uma última empreitada contra os novos inimigos “obscuros”, “imorais”, “selvagens”. Ao final, no entanto, de nada vale sua investida, uma vez que, em um plot twist (propositalmente previsível) o Dr. Fantástico, cientista alemão ao lado do Presidente americano, se revela um líder nazista e ativa a doomsday machine.
Na releitura do Vitor, a metáfora se torna clara. O COVID19 como a nova “ameaça comunista da China para domínio mundial” — como estabelecida pelas muito difundidas teorias da conspiração e endossadas, inclusive, por muitos membros do governo — é montado de forma heróica e orgulhosa pelo maior símbolo de violência, da barbaridade e da brutalidade no país (sem citar a utilização de um símbolo que emana o “americanismo”), o Presidente. O vírus aqui carrega a perversidade de uma arma nuclear, mas não apenas de forma simples e literal, pela destruição generalizada. O vírus será tratado aqui como uma justificativa política para um plano perverso necropolítico, a emancipação o Presidente da responsabilidade enquanto estabelece um plano de favorecimento de uma elite. Abaixo dele vemos o resultado: o país deserto, com as covas prontas para receber a população — que no momento que estou escrevendo, já ultrapassou 5.000 óbitos decorrentes da pandemia.
Vemos aqui a representação da política de genocídio em nome de um perverso “símbolo patriótico”, das ditas “liberdades individuais”, do “direito à/da propriedade”, da manutenção da economia, do crescimento, do sacrifício à divindade mercado. As hipocrisias são constitutivas dessa visão.
Bolsonaro montando o COVID19 na capa da Edição 154, de maio de 2020 (link de acesso: https://diplomatique.org.br/edicao/edicao-154/)

A sustentação dessa imagem heróica, associada a um macarthismo descarado, ajuda a adestrar uma parte da população, que continua apoiando cada vez mais uma política mascarada de populismo mas que tem como intuito agradar uma elite, exploradora, capitalista — que, diga-se de passagem, não será a principal afetada nessa guerra. Em vez de ações de fortalecimento dos setores do Sistema Único de Saúde e a Ciência Brasileira, o Presidente brasileiro fortifica sua imagem de líder com as ideias condutoras de salvador da pátria e de um inimigo externo a ser combatido. Tal postura tem como resultado a unificação da sua massa de apoiadores em uma postura neurótica, ofensiva e intolerante. Aqui a história se repete.
Cartaz “Is this America under communism”, propaganda anticomunista do governo estadunidense cativando a idéia de caos e destruição dos valores nacionais americanos

Nesse cenário, o Presidente tem um solo propício para sucateamento dos órgãos públicos e destruição gradual das instituições democráticas do país. O processo descrito tem um mecanismo simples de duas etapas: 1 — o incentivo das ligações libidinais e a invocação do espírito narcisista da própria massa de adeptos do bolsonarismo e reinvidicação de ideais de moralidade, honestidade e justiça; 2 — instigar a antipatia para a oposição, heterogênea, formada pela esquerda política, mídia, progressistas, sindicatos, etc, sob a denominação de “comunista”. A palavra “comunista” aqui é totalmente deslocada de seu sentido real e exerce uma figura no imaginário político da sociedade brasileira da mesma maneira que demônio exerce no imaginário religioso. A alta cúpula do executivo, portanto, se mantém com uma base média de um terço da população que parece viver num culto cego ao líder o isentando de toda culpa e responsabilidade de seus atos; culpando qualquer falha de seu governo na oposição ou em elos não tão próximos do presidentes; vangloriam suas supostas qualidades acima de todas num patamar quase messiânico.
Chamada de matéria do Estadão de 15 de março de 2020 com termo depois apropriado pelo Chanceler Ernesto Araújo (link: https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,quem-tem-medo-do-comunavirus-gritam-bolsonaristas-em-ato-na-avenida-paulista,70003233965)

Enquanto isso, produto final dessa prática se desenrola em uma crise caótica, política e sanitária, com fins trágicos nos próximos capítulos. O nosso papel se torna passivo, de um espectador, como descrito em outra matéria da mesma Edição 154 da Revista: somos “Todos crianças”.
Por Lucas Greenhalgh, estudante de Farmácia pela UFRJ, e Hugo Vaz, estudante de Psicologia pela UFRJ

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Racismo em poucas palavras



No dicionário a definição de racismo está: Significado de Racismo é o preconceito e discriminação direcionados a quem possui uma raça ou etnia diferente, geralmente se refere à segregação racial. [Por Extensão] Comportamento hostil dirigido às pessoas ou aos grupos sociais que pertencem a outras raças e/ou etnias. Porem para se haver a racimo tem que haver uma estrutura social pautada na discriminação por raça que apoia o individuo que cometeu uma ação racista. Pois historicamente a Europa, com as grandes navegações, começou a se espalhar pelo mundo para conquistar terras, estabelecer rotas comerciais, interpostos portuários no intuito de gerar dinheiro com prerrogativa de que estaria realizando a missão civilizatória do mundo "o fardo do homem Branco". A consequência dessas "invasões" foi o começo do tráfico de pessoas e a conquista de terras sobre uma lógica imperialista. Com tempo as nações europeias foram ficando mais ricas e aumentando seu poderio tecnológico e foram subjugando os países estrangeiros não só de maneira militar mas de maneiras sociais, estabelecendo estratégias de genocídio étnico e cultural, hierarquização social de tal forma a criar toda uma estrutura racial de opressão aos negros. O mundo "todo" foi colonizado por europeus, mundo todos teve escravos africanos logo lógica racista de dominação foi disseminada pelo mundo todo pautada tanto em ciência quanto em religião. Se criou uma estrutura racial tão grande e com bases tão sólidas de opressão ao negro, que por muito tempo lhe foi tirado o direito de ser humano estava na categoria abaixo dos animais a categoria de objetos/propriedades. As estruturas e formas de opressão racistas são globais porque em primeiro o europeu estava em todo o globo praticando o imperialismo, segundo que subjugava também outras raças mas tráfico de negros era mais expressivo devido a certas condições sócio econômicas específicas como: abundância de mercadoria e alto lucro e demanda de todas as partes do mundo. Desse modo essa estrutura racial opressiva funciona a muitos séculos e tem estratégias de inflar o ego do branco direta e indiretamente, ativamente e passivamente: padrão de beleza, maior probabilidade de acesso a bens, educação de qualidade, tratamento interpessoal diferenciado etc que no geral lhes garantem melhores condições de vida. Mesmas estratégias que inversamente deprimem a condição do negro na sociedades. Essa condições agem no corpo negro (padrões de beleza), no espírito negro (estigmatizada/proibição dos cultos de matriz africana), no emocional negro (solidão do povo negro), na inteligência Negra (epistemonímico), nas condições social dos negros (pobreza). Essas estratégias são tão enraizadas na estrutura racista da sociedade e na cabeça das pessoas que as opressões não são só de branco para com negro, mas de negro para com negro e do negro para com ele mesmo, é uma lógica doentia que cria pequenos pseudoprivilégios mas que geral são artificiais e só diferenciam um pouco a experiência subjetiva de vida do indivíduo criando variação de possíveis acontecimento e comportamento de si e dos outro para com si próprio que tem inúmeras consequências com o adoecimento, o encarceramento, a privação de oportunidades de ascenção social no trabalho, a restrição a educação, a condições de vida precárias da população Negra. Logo um negro nunca poderá ser racista pois para haver racismo presume que essa pessoa que cometeu ação racista esteja apoiada em cima de estrutura social racista coisa que não está pois ela é vítima dessa estrutura logo ela só tá reproduzindo um discurso racista contra seu semelhante.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Despatologização da Homossexualidade



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Resenha sobre o texto “A Despatologização da Homossexualidade”

A homossexualidade na Grécia Antiga era diferente do que é encarada na modernidade. O homoerotismo era socialmente aceito, uma prática comum entre os indivíduos da sociedade vista como um costume aristocrático direcionada mais velhos aos mais jovens, dos mestres aos seus pupilos, dos professores aos seus alunos. Um laço emocional e sexual numa relação de transmissão de conhecimento, experiencias e saberes do antigo para o novo. Oriundas de vínculos fraternais de antes dos próprios gregos, a homossexualidade não era vista com perversão mas sim como uma instituição legitimada pela sociedade e pelo Estado. Através da Educação Aristocrática e Militar da época se incentivava aos jovens a se apaixonar pelo que era belo e alcançar virtudes perseguindo um modelo de virilidade que advinha das relações entre seus pares e da relação mestre-pupilo. A Educação se baseava na crença de que a juventude devia ser moldada num equilibro entre a ética e a beleza oriundo da sabedoria transmitidas entre as gerações de sábios. Havia aspectos da vida social grega dado aos homens e mulheres. O papel do registro domestico e procriação física dado aos homens e mulheres e o papel publico de cidadão dado apenas aos homens. Tudo que era de instancia inferior e bárbaro era associado ao feminino.
Com o surgimento do Cristianismo, a homossexualidade foi considerado pecado pois está contrariava ao núcleo familiar cristão, por ser contra união anatômica frutífera heterossexual, por ser um prazer carnal consequência da luxuria etc. Toda pratica sexual que escapasse a norma heterossexual reprodutiva era considerada desviante, um ataque aos bons costumes e a ordem publica em resumo uma Sodomia. E foi através desses estigmas e proibições que se construiu a Moral Sexual Civilizatória. Conforme o poderio político-cultural do Cristianismo foi ser crescendo e se tornando mais hegemônico no Ocidente, as praticas consideradas sodomitas passaram de simples pecados para ofensas diretas a Deus e ao Mundo portanto foram criminalizadas em varios locais e momentos da história com as mais diversas punições: prisão, castração fisico/quimica e morte.
Na tentativa de se consolidar como ciência médica perante a comunidade cientifica, a psiquiatria se prontificou a melhorar e fundamentar sua diagnose. Com a utilização do método cientifico a psiquiatria tinha como objetivo analisar, classificar e catalogar as enfermidades mentais. Desse modo ao taxar a homossexualidade como doença as psiquiatria se apropriava cientificamente de todas a praticas a compõe. Vários foram os termos, conclusões e teorias sobre a homossexualidade que psiquiatria propôs que iam de um “delírio de insanidade amorosa” até “anomalia do instinto de reprodução da especie” passando por “inversão sexual” e “desenvolvimento sexual desviante” entre outras patologizações. Apesar da resistência de inúmeros ativistas que tentavam provar a naturalidade da homossexualidade frente a heterossexualidade, a associação constante da homossexualidade a outras doenças mentais pela comunidade cientifica só estigmatizava ainda mais os homossexuais não só como pecadores mas também como doente mentais, Conforme os estudos foram avançando a classificação para homossexualidade foi ser alterando de categoria sem achar uma classificação fixa que seja consenso. Acusaram a homossexualidade de ser congênita, de ser fruto de falha da norma no meio, de ser processo de perversão e devassidão, degeneração da especie mas não se achou uma generalização que englobasse e explicasse tais praticas de maneira cientifica justa e satisfatória. O que ocasionou diversas criticas ao Estado que ao criminalizar a homossexualidade estava sendo responsável por um numero expressivo de suicídios.
Freud em seus estudos sobre etiologia sexual das neuroses começa uma investigação sobre a sexualidade. Ao longo das descobertas das zonas erógenas na infância, do poder do recalque, as perversões, teoria das fantasias, funcionamento do édipo, escolhas objetais entre outras coisas chega a conclusão que a sexualidade humana não é determinada pela natureza mas sofre também efeitos mais significativos da cultura dessa forma a sexualidade apresenta muitas configurações e expressões portanto é polimorfa. Freud sustenta sua teoria e conclusões sobre o pilar da psicanalise; o Complexo de Édipo; onde a bissexualidade é uma referência original de onde vão surgir posteriormente as escolhas de objeto. Freud diz que a homossexualidade é completamente normal pois é apenas uma das formas das quais as ligações libidinais podem se configurar,uma variação da função sexual, afirmação que sofreu intensa resistência da comunidade científica da época. Freud tenta retirar a homossexualidade do campo de destaque negativo, usando suas teorias e conclusões de que os homossexuais não são marginais nem doentes retirando a homossexualidade da esfera do degenerativo e degradante; na tentativa de desconstruir a noção de que homossexualidade é algo patológico. Os pós-freudianos não tinham um consenso sobre o apoio a posição Freud sobre a homossexualidade, o que gerou divergência entre sociedades psicanalíticas de alguns países. A própria Anna Freud mostrou-se contraria a pratica da psicanalise por homossexuais.
A influencia do Nazismo fez retroceder os debates e as politicas a cerca da desconstrução da homossexualidade como doença. Na Alemanha a sentença passou para não ser só de prisão mas também castração física e posteriormente pena de morte. Nos campos de concentração os homossexuais eram taxados com um triangulo rosa, e a ele eram dirigidos os piores e mais degradantes trabalhos alem de serem alvos da violência de outros presos e dos guardas e no pós guerra muitos continuaram presos pois a homossexualidade ainda era crime.
Após o final da 2ºGM houve ascensão de vários movimentos humanistas que favoreceu o projeto de descriminalização e despatologização da homossexualidade. Na decada de 40 o médico Alfred Kinsey conduziu uma pesquisa com grande numero de pessoas e um longo tempo de duração que mostrou uma variabilidade significativa nas praticas e comportamentos sexuais provando que estes não são rigidamente fixos, com base nessa pesquisa Kinsey elaborou uma escala de variabilidade de comportamento sexual para caracterizar e descrever os episódios sexuais da vida demonstrando a a fluidez da história sexual dos indivíduos. Os estudos da Evelyn Hooke com uma pesquisa com nó duplo cego entre homossexuais e heterossexuais concluiu que a incidência de doenças mentais não está relacionada com a orientação sexual, descaracterizando a homossexualidade como patologia. Na época dos anos 60 foi denunciado o poder normativo dos diagnósticos psiquiátricos, foi cunhado os termos identidade de gênero e identidade sexual entre outros progressos mas o estopim foi a invasão do bar gay Stonewaal em Nova York e violência contra seus frequentadores por parte da policia que gerou um levante dos movimentos de ativistas gays que invadiram um congresso da APA em protesto contra as atitudes patologizantes da psiquiatria que estigmatizavam socialmente a homossexualidade. A somatória desses eventos mais a atuação de ativistas médicos e psicólogos resultou num movimento que gerou a retirada da homossexualidade da lista de doenças mentais. A APA se tornou um órgão de proteção aos direitos civis dos homossexuais no trabalho, alojamentos, repartições publicas e licenciamentos repudiando qualquer tipo de lei discriminatória. O diagnóstico da homossexualidade como patologia nunca foi sustentado por argumentos científicos com base médica e clinica mas sim por questões morais.
No Brasil a homossexualidade foi retirada da condição de patologia pelo CFM em 1985 e em 1999 o CFP tomou a posição de seria contra qualquer pratica exercida por psicólogos para o tratamento e cura da homossexualidade. Apesar de haver resistência de setores mais conservadores da sociedade que usam de estrategias politicas e brechas legais para propor um retrocesso na questão da homossexualidade a estigmatizando novamente como doença passível de ser tratada clinicamente, algo que é indefensável e sem embasamento do ponto vista de Ciências Biológicas e das Ciências Humanas. Hoje a psiquiatria entende que a sexualidade humana é multi determinada por uma série de fatores genéticos, fisiológicos, psicológicos, sociais, relacionais e experiencias evolutivas ao longo da vida.
Em suma, DSM-1 a homossexualidade constava como um desvio sexual na categoria de “Pertubações Sociopáticas de Personalidade”, já no DSM-2 a homossexualidade foi diferenciada dos distúrbios de personalidade mas manteve a classificação de Desvio Sexual. Devido a uma série de eventos, trabalhos e atuações clinicas de como por exemplo Robert Stoller e Spitzer que lideravam o Comité de Nomenclatura da APA, levaram pra direção da APA o projeto de criação de comitê de estudos científicos para sustentação da homossexualidade como doença. O comitê concluiu em 1973 que a homossexualidade não fosse classificada como patologia e a sua retirada do DSM. EM 1974 houve um referendo interno como psiquiatras e psicólogos na APA que resultou pelo fim deste diagnostico. No DSM-3 de 1980 há os diagnósticos de Transtornos Psicossexuais a categoria de “Homossexualidade ego-distonica” entre outros transtornos porém na revisão no DSM-3R essa categoria foi retirada e os Transtornos Psicossexuais foi alterado Transtornos Sexuais. No DSM-4 a categoria foi alterada pra Transtornos Sexuais de gênero e identidade e posteriormente foi alterada para Transtornos Sexuais sem especificações. Na contramão do progresso da APA a OMS regredia e patologizava ainda a Homossexualidade a colocando como uma subcategoria de Desvios e Transtornos Sexuais até a década de 90.
Podemos concluir que, durante os séculos, várias instancias normatizadoras tentaram, sem sucesso, estabelecer padrões em relação a sexualidade. Com teorias que passavam desde a religião a uma pseudociência a fim de restringir o espectro sexual e normalizar os indivíduos. Vemos que as teorias diagnosticas não se isolam do contexto socioculturais e político, mostrando a perigosidade de uma posição normativa das ciências pautada no moralismo.


Referencia

PAOLIELLO, Gilda. A despatologização da homossexualidade. As Homossexualidades na Psicanálise: na história de sua despatologização, p. 29-46, 2013.]

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quinta-feira, 4 de julho de 2019

Processos Psicossociais de Exclusão

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A exclusão é sempre um processo especifico de relações interpessoais e intergrupais de forma material ou simbólica na qual se faz concreta em casos de segregação e manutenção de uma distancia topológica. Afastamento do indivíduo(s) da sociedade com um grupo de perigo para si e os demais que se traduz no processo de marginalização; afastamento de uma instituição periféricas do corpo social central; no casos de discriminação negativa através da restrição do acesso a certo bens, recursos, papéis, status a um determinada pessoa ou grupo. A psicologia social se destaca nesse campo ao associar em suas teorias e formulações as pesquisas no mundo real e as experimentações no laboratório. Ela tenta compreender, sem privilegiar vieses psicológicos ou sócio históricos, de modo a perceber e analisar qual o método o qual as pessoas e grupos que são objetos de distinção são alvos de distinções socialmente construída. Na tentativa de responder questões a Psicologia Social elabora modelos teóricos acerca de dinâmicas psíquicas e processos cognitivos que expliquem e conceituem as noções de preconceito, estereotipo, discriminação, identidade social com base em representações sociais e análises de discursos.
Podemos analisar primeiramente os processos de exclusão através de comportamento de extrema aversão, hostilidade como os casos de linchamento e “pogroms”. Que pode surgir de uma insatisfação pessoal explicada pela teoria frustração-agressão ou por incitação politica na justificativa de limpeza moral. A teoria Frustração-Agressão diz que o impedimento de indivíduos ao alcance a determinado objetivo ou saciamento de uma necessidade acentua as motivações hostis e aumenta as tendências agressivas. Quando a frustração não se pode descarregar no motivo que a causa por ser muita forte ou mal identificada, ela acaba por ser deslocada a alvos mais acessíveis e frágeis tal comportamento seria fruto da aprendizagem observacional dos processos de socialização. Numa escala coletiva quando grupos são privados de acesso a bens materiais e simbólicos tendem a transferir sua hostilidade e discriminar grupos minoritários, temos como exemplo a situação em populações insatisfeitas com a situações politicas e econômicas tem maiores probabilidades de nutrir antipatia e altercação com imigrantes ou camadas pobres frustradas de determinada sociedade oprimirem as camadas miseráveis. Porem nem sempre a discriminação vem de forma agressiva e direta pode vim através de uma violência moral que é a estigmatização e atitudes depreciativas através dos preconceitos e estereótipos ruins. O preconceito é julgamento sem exame prévio com base em experiencias anteriores com determinado elemento dito uma categoria, trata-se de uma dimensão cognitiva na classe do conteudo e o estereotipo está numa dimensão conotativa da classe das formas, sendo ligado ao afeto e valores direcionado um alvo. A exclusão tem seu ponto de partida o processo psicológico de desumanização em graus, do outro em que todo laço social de solidariedade é rompido gradativamente o tornando indigno de qualquer tratamento humano, oque tem como incio aumento de inimizade ate genocídio. Em situações de conflito os sentimentos e impulsos negativos moldam a percepção do outro, o descrevendo com perigosos, carater imoral, monstruoso e detentor de amoralidade. A inclinação para prejudicar o outro é baseado no senso comum e revanchismo por se sentir vitima e pressão social. A pressão social se dá quando um indivíduo toma atitude pelo temor de está indo contra os princípios e valores do grupo o qual pertence e nessa relação com o grupo que se encontra a situação incomoda movida por uma polarização de grupo e ideias. A polarização de grupo é a tendencia de se alinhar e conversar com quem compartilha de ideias semelhantes o que acaba por reforçar ainda mais essas ideias formando assim posições e atitudes mais extremas num grupo psico-ideologicamente consoante do que desses mesmo indivíduos separados. Essa escalada de radicalismo pois participantes dos grupos apresentam opiniões mais extremas para se mostrar com membros legítimos aquele grupo atestando seu pertencimento. A polarização de ideias que fortificam de maneira coletiva ideias que convençam a si e aos integrantes uma definida forma correta de engajamento, implicação emocional, conduta e atuação assim reforçando a identidade e alteridade. Pois a imagem que temos de nós está ligada a imagem que temos dos nossos grupos o que nos conduz a nos diferenciarmos dos demais, defendermos nossos valores e excluir os externos.
Apoio a políticos e personalidades com atitudes politicas e econômicas conservadoras que agrandem oligarquias vigentes; posições inflexíveis; etnocentrismo; discriminação contra minorias e relativização de sua pautas é o que define incia e fundamenta o Autoritarismo, perspectiva demostrada por escalas de correlação entre fascismo em potencial e tendência antidemocrática que predizem manifestações preconceituosas legitimadas por governos autoritários de direita. Sociedades com educações familiares autoritária, conservadoras, que utiliza de clichês e estereótipos para generalizar modelos cognitivos e comportamentais tendem ao convencionalismo e a postura que deseja a punição daqueles que não seguem e compactuam dos valores convencionais; disciplina impositiva; depreciação da fraqueza; recusa ao irracional, repressão e projeção do negativo no outro; rejeição a alteridade portanto uma estagnação geral. Determinadas Politicas e sistemas de comunicação institucionais e midiáticos em culturas altamente competitivas e individualizadas favorecem a discriminação e enraizamento do preconceito em estruturas mentais e nas dinâmicas psicológicas baseadas na justificativa que crer que minorias são ameças aos valores que fundamentam a sociedade e liga os indivíduos e que a exclusão desses grupos é a solução. A exclusão corresponde a um sentimento de incompatibilidade entre os interesses dos indivíduos e comunidades que ali convivem juntas; o medo da perca de privilégios e da injustiça possa se abater sobre determinado grupo que pertencemos; as mudanças que disfarçam a discriminação na intenção de transparecer um regime mais aberto e sensível logo esse conjunto mecanismos são uma mudança na expressão do preconceito é o que denomina-se “racismo simbólico” este alinhado ao “racismo vergonhoso” que é uma pseudo-adesão de normas de tolerância é o que constitui as praticas modernas de segregação. Os mediadores da exclusão são o preconceito e estereotipo que são processos mentais os quais julgam e inferem características as pessoas e grupos por pertencerem a uma categoria social. Esses processos são simplificações da complexidade humana subjetiva pelo em prol de uma economia cognitiva que se fundam nas representações socais oriundas dos contextos sócio-históricos, senso comum e nas imagens construídas que perpassam pelos meios de comunicação se alimentam do discurso social e sua retórica para servir as forças de poder de regulação das relações socais assim podendo controlar as mesmas e gerar ogerizas que liegitimam a expressão do desprezo e do desmprezo justificando a violencia. A economia cognitiva vem de agrupar os semelhantes, essa categorização homogeniza os indivíduos e os retira sua autenticidade. Acentuação tanto das semelhanças quanto das distinções leva a consequências dramáticas de percepção característica da desumanização. Para fugir da exclusão e dos status de marginalizados os oprimidos são submetidos aos processos de subjetividade dos opressores numa busca impossivel por igualdade, semelhança e aceitação o que tem como consequências e efeitos devastadores para auto-imagem, autoestima, auto-conceito e identidade desses grupos. Em determinados casos contrariando as normas os indivíduos vitimas de opressão tomam de suas características uma forma de orgulho, de identidade, de afirmação de sua cultura, de conscientização de pertencimento a uma comunidade algo que Guatarri vai denominar como cultura-alma coletiva. O processo de exclusão é intrinsecamente relacionado com a moldagem dos imaginários simbólicos populares das sociedades modernas e deve ser encarado com um problema que deve ser motivo de investigação e analise para o impedimento da massificação e do controle das opiniões dos indivíduos e solucionado para uma possível busca da paz e igualdade.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Masculinidade Tóxica


  • Construção
Os conceitos de masculinidade e feminilidade são construções sociais, com base em relações de gênero, que se definem mutuamente por oposição. Quando se pensa em masculinidade atribuímos ao conceito a adoção de comportamentos agressivos/dominantes, de risco e de negligência e/ou falta de informação sobre autocuidado e cuidado alheio. Foi construído sóciohistoricamente que a masculinidade hegemônica carrega em si representações de força, assertividade, a não vulnerabilidade associada a crença de imunidade total, descontrole emocional e sexual, entre outras coisas. Moldada pela cultura esses padrões normativos são introduzidos e reafirmados em todas as relações sociais possíveis, da educação parental até as representações midiáticas, em todos o momento da vida. Um complexo de determinações e características culturais, familiares, grupais e individuais internalizadas ao longo da história do sujeito. Fazendo com que, desde a infância, o homem tenha provar incessantemente sua masculinidade à sociedade. Masculinidade hegemônica, em resumo, se trata de uma relação de dominação, práticas, técnicas e mecanismos para perpetuar a ideia de poderio sobre o outro através de constantes intimidações vigentes na sociedade. A essa masculinidade atribuímos o adjetivo “tóxica”, pois acaba por construir homens incompletos, fechados, inseguros e potencialmente agressores.
Os mecanismos de conduta, a forma mais honrada de ser homem, são o pilar moral desse processo civilizatório em que se cria um modelo de masculino ideal impossível de ser alcançado baseado em quatro eixos: talentos esportivos; o sucesso financeiro; vida sexualmente ativa e rejeição a tudo que é feminino. Todos os homens se tornam vigias constantes da sua própria masculinidade e são vigiados por todas as instâncias da sociedade.
Mecanismos de repressão são utilizados quando qualquer homem foge das normas de masculinidade e se assemelha com o feminino tal comportamento deve ser reprimido e corrigido através da violência moral “aprenda a ser homem”, violência verbal “mulherzinha, bicha, viado” e violência física “agressão, estupro, assassinato” na tentativa de uma rejeição completa da feminilidade. Os aparatos são de censura e invisibilização. A censura se dá desde o direcionamento restrito de gênero para atividades infantis até a criminalização da homossexualidade. A invisibilização funciona removendo a forma da masculinidade dominante e sua ideologia da possibilidade de censura e do “corporativismo masculino” que é os homens sempre defenderem e legitimarem a própria classe de homens na qual se identifica.
A masculinidade tóxica cria o machismo se desenvolve entrelaçando uma noção nociva do que é ser homem com a ideia da misoginia. Essa construção perniciosa do que é ser homem mascara a enorme dificuldade e complexidade do processo de formação da vida e personalidade dos sujeitos.
Em relação a saúde, a negligência para com a saúde está relacionada com ideia de que o autocuidado é naturalizado como uma característica feminina. A busca por atendimento de saúde seria uma expressão de fragilidade em sua identidade masculina. O medo da exposição do corpo a um profissional de saúde possa evidenciar alguma fraqueza seja ela natural ou patológica. Tudo aquilo que posso encerrar o mito da invulnerabilidade masculina se torna impensável ou passivo de protelação afim de manter a imagem de coragem e imunidade. Tornando a população masculina mais vulnerável a mortalidade por causas externas e morbidade por incapacitação derivados de agravos não letais. “...
as influências dos sentidos mais fortemente associados aos modelos de masculinidade e feminilidade que impõem desafios para o campo das políticas públicas de saúde, já que a masculinidade hegemônica, como o modelo de masculinidade que costuma emergir das relações hétero e homossexuais, define e orienta um certo agir sexual/social dos indivíduos; agir este que influencia o desenvolvimento de quadros mais ou menos graves nos índices de morbimortalidade e agravos na população de homens e, por justaposição, na de mulheres” (Lopez e Moreira, 2013).
O homem se torna indiferenciado do corpo social devido ao poder normalizador da masculinidade e por ocupar frequentemente por espaços de poder, liderança e posições de hierarquia não tem suas vulnerabilidades e especificidades reconhecidas. “É a partir do homem, socialmente colocado como norma, que se reconhece a diferença do(s) outro(s) e, a partir dele, se estabelecem os referenciais para o debate em relação a programas específicos a outros segmentos da população.”(Lopez e Moreira, 2013) Toda essa perspectiva e mecanismo machista reforça a ideia de a quase não necessidade do homem cuidar de sua saúde, que não demanda serviços especiais e profissionalmente diferenciados de atendimento. O que tem como consequência a busca por atendimento médico quando há alto riscos e agravos mais difíceis e dispendiosos fruto de desleixo com lesões, ferimentos e sintomas.
  • Em relação às representações midiáticas
As representações midiáticas masculinas podem começar pela representação dos atletas masculinos como modelo ideal e “realístico” de sucesso. Os talentos esportivos nessa lógica de masculinidade tóxica são uma propensão maior a dominação, ser o homem terá maiores de condições de dominar outros homens. Os esportes de contato de confronto são exemplos máximos de masculinidade e funcionam como uma renovação contínua deste símbolo e da propagação da ideia dominação do time adversário, de se colocar acima dos outros homens, provar uma masculinidade superior resistindo e superando a qualquer dano emocional e físico a fim de um chegar a um objetivo maior. Há uma interconexão entre o esportes agressivos e o imaginário de guerra e conquista na questão da subjugação do alheio. E nos filmes e jogos o modelo ideal de sucesso se repete só que de maneira “ficcional” logo mais agressiva já que não tem compromisso com a realidade, mostrando o exemplo de homem como um ser necessariamente brutais, forte/musculoso, irracional, insensíveis/apáticos, ofensivos que resolvem a maioria dos seus problemas na base da violência. Isso forma e perpetua no imaginário dos homens que masculinidade é intrinsecamente relacionada com a brutalidade dos homens para com sociedade.
  • Em relação a mulheres
As relações da masculinidade com as mulheres é ambígua e contraditória. Ao mesmo tempo que é incentivado ao homem ter um comportamento predatório para com as mulheres, considerando a relações interpessoais como um jogo de poder e dominação ao mesmo tempo rejeita reativamente todo e qualquer traço de feminilidade. É evidenciado que as relações de gênero tidas dentro desse modelo de masculinidade são pautadas na desigualdade, na objetificação da mulher portanto sua dominação. Tal qual a masculinidade leva consigo um conjunto de práticas para a legitimar a subordinação das mulheres que são pautadas em alguns eixos: a)negação da feminilidade e expurgo da personalidade masculina seus traços, b)desumanização da mulher, c)fé na superioridade masculina e d)legitimação ideológica da submissão global das mulheres aos homens. Essas ideias originam a misoginia que tem consequências drásticas para população feminina. O desrespeito, o assédio, a desvalorização, a violência são algumas das consequências de uma cultura que propaga e incentiva cotidianamente o predomínio machista das relações interpessoais desde a infância até a vida adulta. Em virtude disso surge a cultura do estupro e violência contra a mulher que muitas vezes culpabiliza as mulheres vítimas de assédios, estupros e assassinatos.